segunda-feira, dezembro 21, 2009

2010


Imagine Peace by Yoko Ono
"for your chance to bid for [this Yoko's] original, signed artwork [...] go to guardian.co.uk/katineappeal . All proceeds go to the Katine project which is helping to improve the lives of 25,000 people living in Katine, a rural area in Uganda"
(gracias Ananda!)

terça-feira, agosto 18, 2009

vou tocar você com meu pensamento...


minha adaptação visual do poema de e.e. cummings
um dia o faço girar
para hipnose das incautas...

sábado, agosto 08, 2009

terça-feira, junho 23, 2009

domingo, junho 21, 2009

antropofágicas II




Fiz uma pequena, mas necessária correção na mensagem anterior: os tupinambás não eram canibais. Na acepção restrita do termo, canibal é quem come carne humana para se alimentar, mas os tupinambás apenas comiam seus inimigos "por vingança", para absorver sua força e coragem, portanto apenas daqueles nobres e corajosos. Um prisioneiro que não se comportasse com coragem e bravura tornava-se imediatamente descartado, assim como miserável — o que lembra, guardada as distâncias, a areté grega, ou aquilo que dela exemplifica o dilema de Aquiles: 

Pés-de-prata, a deusa Tétis, madre,
me avisou: um destino dúplice fadou-me
à morte como termo. Fico e luto em Tróia:
não haverá retorno para mim, só Glória
eterna; volto ao lar, à cara terra pátria:
perco essa glória excelsa...
(Ilíada, trad. de Trajano Vieira)

Para quem se interessa pelo assunto, aconselho a leitura de um curto texto de Manuela Carneiro da Cunha, "Imagens de índios do Brasil: o século XVI" (in PIZARRO, Ana [org]. América Latina. Palavra, literatura e cultura. Vol.I, São Paulo: Memorial / Campinas: Unicamp, 1993). Como diz Manuela, a diferença foi fundamental para a exaltação do índio brasileiro, antes das duas palavras tornarem-se sinônimas ("segundo Michèle Duchet [...], a sinonímia entre canibais e antropófagos vulgariza-se a partir de Montaigne. Mesmo depois de assimiladas as duas palavras, porém, a diferença que encerravam permanece, com a mesma conotação moral"). Os responsáveis pelo jornal O Dia seriam certamente descartados, indignos de servirem ao banquete antropofágico. A matéria deles, falando de "tortura", é de uma estupidez tamanha (e a Folha de São Paulo, quem diria, que também noticiou o fato, falou em empalhamento!). E que se dê os devidos créditos à famosa gravura. Segundo Manuela, as gravuras de Theodor De Bry foram feitas para ilustrar a edição de 1592 da terceira parte da Coleção de Grandes Viagens, reunindo os livros de Hans Staden (Duas viagens ao Brasil, de 1557) e de Jean de Léry (Viagem à terra do Brasil, de 1578).

terça-feira, junho 16, 2009

antropofágicas

® Theodore de Bry, 1540

Estamos no ano 455 da deglutição do bispo Sardinha, e ainda temos muito que involuir até chegarmos ao estágio em que os conflitos mudarão a mentalidade messiânica colonizada da nossa corte caraíba. A secretaria de educação do município do Rio, ao invés de resolver as diversas pendências que tem para remediar o estado caótico da educação dos nossos curumins, resolve fazer eco ao conservadorismo paulista e encontra algo para censurar aqui também nos textos didáticos. E escolheu essa gravura aí de cima. Pelo que entendi, foi a mídia, e o jornal O Dia em particular, que fez sensacionalismo a partir da reação de uma mãe indignada. As mães indignadas são sempre uma força a não menosprezar. Elas temem a potência mimética dos seus filhos, e é normal que, impotentes para conter o avanço das tropas de elite e da cretinização geral do planeta, tentem ao menos evitar que eles tenham a infeliz idéia de imitar esta "chocante" cena tupinambá! Ao que eu responderia o seguinte: cara Hirlene, prezadas mães, não pensem que faço pouco caso do zelo materno. O problema é que, se seus filhos de 9 anos não têm discernimento para não imitar a cena da gravura, não será poupando-os de sua exibição que vocês conseguirão evitar que eles façam experiências semelhantes! Muito pelo contrário, eu diria. Mais ainda, levem em consideração a hipótese de que o "horror" perante a gravura tem pouco a ver com seus filhos, mas tem antes muito a ver com vocês mesmas, com a condição das mulheres e mães católicas apostólicas romanas desse nosso patriarcado violento e machista. Afinal, o que aquelas índias estão fazendo? Por que elas estão enfiando um bastão no cú do índio e cortando suas costas? Não foi das costelas de Adão que Deus fez a mulher? Trata-se apenas de uma imagem excessivamente grotesca para ilustrar a antropofagia tupi? Ou de uma imagem cuja simbologia abala uma série de ilusões necessárias, sobre nossa natureza civilizada, a docilidade e subordinação da mulher, etc...? De todo modo, é preciso resistir a essa onda conservadora! Senão, em breve, os textos didáticos das crianças só terão personagens da Disney como ilustração!

segunda-feira, maio 18, 2009

minima moralia

Eva de Lot Torelli

de todas as coisas que não consigo lembrar, as piores são aquelas que esqueço logo após pensar. É como cair no abismo, ou pior. É como se eu tivesse lá me jogado de propósito. Afinal, servem para quê a caneta, a agenda, um pedaço de papel? Dizem que, se esqueceu, não era importante. Insensatez! Não há nada mais importante do que aquilo que se perde nas sombras da consciência, e sobretudo por um átimo, um descuido.

* * *

e eu queria saber poder (ou poder saber, o que dá aqui quase no mesmo) denunciar cada uma dessas rachaduras do cotidiano que fazem a vida ser menos, ou que ao menos a cobrem com um mistério estúpido. Os olhares desconhecidos e assustados que se cruzam inutilmente numa livraria, por exemplo, e tudo o que esse tipo de banalidade, muitas vezes carregado de uma violência inaudita, pode revelar... Mas esse é um delírio que só faz sentido numa freqüência muito esotérica da realidade... e sobre isso sou forçado a não dizer mais nada... [ ... ]

* * *

por que haveria qualquer virtude em admitir-se limitado, incapaz em diversas dimensões da vida, mas sobretudo na intelectual? Apenas porque a prepotência, a soberba e congêneres são comportamentos execráveis? Existe algo mais pretensioso do que legislar sobre a virtude, e ainda por cima "modestamente"...?

sábado, maio 09, 2009

virtualidades

® Jan Saudek

intersubjetividade para lá de difusa, espécie de denúncia do aprofundamento dessa infelicidade coletiva que não conseguimos nomear sem lugar comum, e que tememos e procuramos superar com desespero dissimulado, quando não cedemos à loucura e ao phármakon.

inesperado, terra de ninguém, unheimlich, desafio formal também: como, por exemplo, a própria ordem de cada tijolinho desses, lidos "de trás pra frente". textos contaminados dessa estranha dinâmica, dessa difícil negociação com o tempo, ainda mais imprevisível do que, dir-se-ia, o telefone, a tv ou uma frase ao alcance da bofetada :)

quarta-feira, maio 06, 2009


Neste ano "comemoram-se" 70 anos da morte de Freud. A data é, evidentemente, uma desculpa para comemorar o próprio Freud, sua existência, suas idéias, embora alguns possam dizer, em júbilo, "já foi é tarde"... Sempre achei estranho comemorar alguém pela data de seu decesso, o que talvez não se aplique no caso de Freud, que não veio trazer a salvação, mas "a peste"! A peste da consciência (terapêutica!) da infelicidade coletiva; a consciência de nossa natureza perverso-polimorfa; a destituição da soberania da consciência por forças estranhas que a atravessam e a ultrapassam... O homem não é mais senhor em sua própria morada... Para quê repetir os chavões da psicanálise num espaço como este? Para quê começar a falar sobre algo que certamente não cabe num "post de blog"? Fazê-lo parece arbitrário como tudo o que, nessas efemérides previsíveis, foge à radicalidade do seu próprio questionamento, isto é, o questionamento da domesticação a que sistematicamente a sociedade submete um pensar perigoso, incerto, doloroso. O fato é que, hoje, abri minha agenda, e lá estava escrito "6 de maio. Sigmund Freud (1856-1939)". E me ocorreu que o blog não deixa de ser um experimento de autoanálise muito heteróclito, e que, ao invés de ceder ao desejo (recorrente!) de retirar do horizonte do olhar alheio esses "fragmentos de qualquer coisa" que falam muito e quase nada sobre mim, talvez o melhor seria tentar radicalizá-lo! Será?

domingo, março 15, 2009

the príncipe charles school of dance















adoro quando o príncipe charles vem ao Brasil! é sempre uma oportunidade para saber o que há de mais moderno na dança contemporânea (com o perdão do oxímoro...). nós, da the príncipe charles school of dance, estamos exultantes com os novos passinhos do príncipe, improvisando um carimbó em terra brasilis!

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

G.-A. Goldschmidt

"D'où vient-il que le même individu soit capable de dire les choses dans les deux langues et bien incapable de les relier l'une à l'autre ? Prenons une image. Je suis dans le métro. A côté de moi, il y a quelqu'un, je ne connais pas son histoire. Je ne crois pas en Dieu, mais je crois cependant à la divinité de l'autre. L'insondable mystère de celui qui est à côté de vous. C'est comme avec les langues : elles se bordent, se touchent, mais gardent toujours leur quant-à-soi."

"On n'apprend pas une langue, on tombe dedans."

sábado, fevereiro 07, 2009

estou no sonho de Platão
sou puro pensamento
já fui uma imagem
um corpo
um vento
mas isso faz muito tempo

rosto com touro

a french poem

da série "fancing ressentment"


I didn't know my french poem was that bad

she let me know it without skirt

it was just narcissistic and sexist babble stuff

and then I understood all the mess

I was living in, the senseless fight

between me and my nothingness

the gibberish talk

and it was sad

I must say


but, oh! she was good

in telling things right

even if she eventually got all wrong

or precisely by that reason alone

because reality is what you make

till it bangs hard on your face

sexta-feira, fevereiro 06, 2009







(!!!)


no recreio



quinta-feira, janeiro 22, 2009

Adorno's T-Shirt



is this culture industry cooptation or what?!?

: )

quarta-feira, janeiro 21, 2009

poema postal para uma amiga querida

.

sempre me viro
ao (no) avesso
da carta postal

no pouco que escrevo
à sombra da imagem (soberana)

silêncio

entre uma frase, curta
e tudo o que esqueço:

a alegria de um alô distante
instante fora do tempo

.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

La closerie de Lilas et l'homme le plus méchant du monde

« La Closerie de Lilas était, jadis, un café ou se réunissaient plus ou moins régulièrment des poètes, dont le dernier, parmi les plus importants, avait été Paul Fort, que je n'avais pas lu. Mais le seul poète que j'y rencontrai jamais fut Blaise Cendrars, avec son visage écrasé de boxeur et sa manche vide retenue par un épingle, roulant une cigarette avec la main qui lui restait. (...) Ce soir-là, j'étais attablé à la terrasse, observant la lumière changeant sur les arbres et les maisons, et le passage des grands chevaux lents sur le boulevard. La porte du café s'ouvrit derrière moi, à ma droite, et un homme en sortit, qui si dirigea vers ma table.
"Ah! vous voilà", dit'il.
C'était Ford Madox Ford... (...) A ce moment un homme assez maigre, enveloppé dans une cape, passa sur le trottoir. Il était avec une femme de haute taille et son regard effleura notre table avant de poser ailleurs, puis il passa son chemin sur le boulevard.
"Vous avez vu comme j'ai réfusé de lui rendre son salut? dit Ford. Vous avez vu comme j'ai refusé?
— Non. Qui avez-vous refusé de saluer?
— Belloc, dit Ford. J'ai refusé de le saluer!
(...) Quand Ford s'en alla, la nuit était tombée et j'allai jusqu'au Kiosque acheter un Paris-Sport complet, la dernière édition du journal des turfistes, avec des résultats d'Auteuil et la liste des partants pour la réunion du lendemain à Enghien. Le serveur, Émile, qui remplacé Jean à la terrasse, s'approcha de moi pour voir les résultats de la dernière à Auteuil. Un des mes meilleurs amis, qui fréquentait rarement la Closerie, vint s'asseoir à ma table et juste au moment où il commandait un verre à Émile, l'homme maigre à la cape, acompagné par la femme de haute taille, passa devant nous sur le troittoir. Son regard effleura notre table et alla se poser ailleurs.
"C'est Hilaire Belloc, dis-je à mon ami. Ford était ici ce soir et il a refusé de lui rendre son salut.
— Ne sois pas idiot, dit mon ami. C'est Aleister Crowley, le démonologiste. On dit que c'est l'homme le plus méchant du monde.
— Désolé", dis-je. »
Hemingway, Paris est une fête


LUCIFER

sexta-feira, janeiro 09, 2009

fotos de Portugal



ano novo em Juncais:



Mondego:







Zezêre:









em Setúbal:





castelos, conventos e aldeias:

Belmonte:



Batalha:



Leiria:





Sortelha:







Marvão:







anta em Juncais (4000 ac)



auto-retratos...